Araiva transmitida por cães a humanos ainda é um problema que preocupa autoridades sanitárias em todo o mundo. Por ano, cerca de 60 mil pessoas morrem em virtude da doença, que tem uma taxa de letalidade próxima a 100% e para a qual não há cura. A vacinação de animais que podem mediar o contágio pelo vírus, como cães e gatos, é etapa fundamental para a erradicação da doença. Reforçando ainda mais a importância de se proteger os animais de estimação, o Ministério da Saúde promoveu neste sábado (25), na fronteira entre o Brasil e a Bolívia, o "Dia D" da vacinação contra a raiva.

Os locais escolhidos para reforçar a campanha foram Corumbá e Ladário, no Mato Grosso do Sul e, do lado boliviano, as cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suarez. O objetivo é alcançar alta e homogênea cobertura vacinal em cães e gatos domésticos, com a finalidade de formar barreira de proteção, mantendo a interrupção da transmissão. Com a iniciativa, a pasta espera imunizar 35 mil cães e gatos nesta região fronteiriça, 10 mil somente nas cidades bolivianas.

“Nós estamos iniciando hoje, em um evento binacional na fronteira entre Brasil e Bolívia, a campanha nacional de vacinação contra raiva. Essa é uma importante ação de saúde pública, na qual queremos atingir uma cobertura vacinal acima de 70% entre cães e gatos. Gostaria também de reforçar o papel importante das secretarias estaduais e municipais de saúde, das forças armadas e de organismos internacionais, como Opas, nas ações de controle dessa doença”, destacou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, durante a abertura do evento em Corumbá (MS).

Em 2021, foram investidos R$ 49 milhões para a aquisição do imunizante e está prevista a distribuição de cerca de 30 milhões de doses para todas as unidades da Federação. As vacinas são fornecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), basta o tutor levar o animal de estimação ao posto mais próximo com documentos pessoais e, preferencialmente, com a carteira de vacinação do pet.

Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu ações para que não haja mais casos até 2030. A cooperação técnica entre Brasil e Bolívia para eliminar a raiva humana transmitida por cães teve início em 2017, por tempo indeterminado de duração. Neste ano, nenhum caso de raiva humana foi registrado; ocorreram apenas quatro casos em cães ocasionados pela variante de animais silvestres.

Como identificar
Alguns sinais podem indicar a ocorrência de raiva em cães, como alterações de comportamento, falta de apetite, desatenção, elevação da temperatura, aumento das pupilas, reflexo dos olhos lentos. Conforme a doença se agrava, também é possível perceber a dificuldade em engolir, salivação em excesso, falta de coordenação das patas e paralisia. A partir dessa etapa, a raiva costuma evoluir rapidamente para o óbito.

Entre 2010 e 2020, foram registrados 39 casos de raiva humana. Desses, nove tiveram o cachorro como animal agressor, 20 por morcegos, seis por outros animais silvestres e quatro por felinos.

Fernando Caixeta
Ministério da Saúde