Editorial: Fortalecimento da Abordagem Passo a Passo para a Eliminação da Raiva (Stepwise Approach towards Rabies Elimination- SARE)

A constatação de que os programas de controle e eliminação da Raiva requerem que várias etapas cronológicas e críticas tenham sido bem reconhecidas nas últimas décadas e sejam apoiadas por exemplos do mundo desenvolvido onde a eliminação da Raiva foi alcançada.

A epidemiologia da Raiva não é totalmente simples e ainda estamos ganhando novas informações sobre a dinâmica da transmissão, os padrões de distribuição, as interações do hospedeiro e o papel das densidades do hospedeiro, as estruturas e a dinâmica das populações de cães e muito mais. Para a Raiva humana, a prevenção e a eliminação dependem principalmente de intervenções no lado animal - e é por isso que esta doença representa e define a necessidade e os princípios da Saúde Única, com todas as complicações socioeconômicas nela implícita.

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The fundamental structure of the SARE

Nesta perspectiva, a Abordagem Passo a Passo para a Eliminação da Raiva (Stepwise Approach towards Rabies Elimination- SARE) foi a iniciativa chave simultaneamente para o conhecimento da complexidade do controle da Raiva e o desenvolvimento da estrutura de processo que faz o controle da Raiva mais manejável e efetivo (Fig. 1). 

Para desenvolver o conceito da SARE em uma ferramenta real que poderia ser aplicada uniformemente para ajudar os programas de controle da Raiva, um evento foi organizado e conduzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (Food and Agricultural Organization of the United Nations- FAO) e pela Aliança Global para o Controle da Raiva (Global Alliance for Rabies Control- GARC ) (6-8 de novembro de 2012, Roma). Vinte e um participantes incluíram especialistas em Raiva de dois países endêmicos (Quênia e China), instituições acadêmicas, a Organização Mundial de Saúde (World Health Organization- WHO) e Organização Internacional de Epizootias (World Organisation for Animal Health- OIE).

Desde então, a SARE tem sido integrada com o Canine Rabies Blueprint e utilizada, adaptada e melhorada durante numerosos eventos nacionais e regionais, com colaboração da tripartite (FAO, OIE e WHO), GARC, US CDC, Proteção Animal Mundial (World Animal Protection-WAP) e outros. Países específicos onde a SARE tem sido avaliada nacionalmente incluem o Quênia, Guatemala, Haiti, Etiópia, Camarões, Serra Leoa, Uganda, Cambodia e as Filipinas. Regionalmente, a inauguração da Rede Pan Africana para Controle da Raiva (Pan African Rabies Control Network- PARACON) no evento na África da Sul (2015), incluiu sessões extensivas baseadas no SARE (34 países). Este foi seguido de um segundo evento PARACON na Costa do Marfim (2016, 16 países) e uma oficina para África do Sul e África Oriental da GARC/WAP e GARC/ US CDC na África do Sul (5 países, 2016) e Quênia (4 países, 2017), respectivamente

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Integration of the canine rabies blueprint and the SARE

Os eventos acima são apenas alguns dos exemplos de aplicação, aceitação e evolução dinâmica do SARE. Como resultado, a GARC e a FAO organizaram uma reunião em Bangcoc, 2016 - com a participação do CDC dos EUA, da OMS e da OIE. Esta reunião foi projetada para produzir a versão mais recente do SARE, com base em experiências cumulativas e melhorias na ferramenta e sua aplicação desde o seu início em 2012.

Temos o prazer de anunciar a última versão do SARE, com detalhes agora disponíveis online (http://caninerabiesblueprint.org/A-stepwise-approach-to-planning). Entre outros, os eventos da SARE serão incluídos na próxima reunião do PARACON (África do Sul, setembro de 2017), bem como a série de oficinas Predemics coordenadas pelo Instituto Pasteur (Irã, outubro de 2017).

Com o desafio de atingir zero mortes por Raiva humana até 2030, tomamos coragem nas iniciativas-chave, ferramentas práticas e uma cooperação global renovada que nos ajudará a alcançar esse objetivo.

Contribuído pelo Prof. Louis Nel, Diretor Executivo da GARC

Traduzido por Helena BC Ruthner Batista,PhD, pesquisadora cientifica pelo Instituto Pasteur de São Paulo e colaboradora do Programa de Pos-graduação em Biossistemas da Universidade Federal do ABC