Pesquisa Recente – Julho de 2017

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Priorizando o controle da Raiva

Contribuições de “Uma Saúde” para abordagens mais eficazes e equitativas para a saúde nos países de baixa e média renda. (One Health contributions towards more effective and equitable approaches to health in low- and middle-income countries.) As zoonoses emergentes com potencial de pandemia são uma prioridade declarada para a agenda global de segurança da saúde. No entanto, as zoonoses endêmicas também têm um grande impacto social em ambientes de recursos baixos, causando doenças nas pessoas e reduzindo a produtividade do gado. O fortalecimento da capacidade das intervenções “Uma Saúde” para controlar as zoonoses endêmicas tem o potencial de alinhar as necessidades das comunidades desfavorecidas com as preocupações da comunidade global mais ampla, proporcionando uma abordagem pragmática e equitativa para atingir os objetivos globais de desenvolvimento sustentável e apoiar a agenda global de segurança da saúde.

Sri Lanka toma medidas para atingir uma meta de zero mortes por Raiva até 2020. (Sri Lanka takes action towards a target of zero rabies death by 2020.) A vontade política e a liderança foram os principais impulsionadores do sucesso do esforço do Sri Lanka para reduzir o ônus de enfermidade atribuível à Raiva. A profilaxia pós-exposição, fornecida gratuitamente em instalações de saúde do governo e vacinação para cães, foi promulgada, mas para alcançar a eliminação no Sri Lanka até 2020, será necessário fazer mais. Sri Lanka é o primeiro país da Região Sudeste da Ásia da Organização Mundial da Saúde a desenvolver uma estratégia nacional para a eliminação da Raiva transmitida por cães e é um país-chave no compartilhamento de conhecimento, expertise e capacitação na região.

Terceira reunião do Bureau de Peritos do Oriente Médio e Europa Oriental (MEEREB): Lyon-França (7-8 de abril de 2015). (The Middle East and Eastern Europe rabies Expert Bureau (MEEREB) third meeting: Lyon-France (7-8 April, 2015).). Os membros do MEEREB reuniram-se em 2015 na França para rever a atual situação de Raiva na Rede e discutir uma abordagem “Uma Saúde” contra a Raiva. Os cães foram os principais transmissores em todos os países do MEEREB, com exceção da Croácia e da Sérvia, onde as raposas representaram a fonte primária. Casos humanos ainda ocorrem no norte da África e em todo o Oriente Médio e países euro-asiáticos, enquanto nenhum caso de Raiva humana foi relatado na Croácia, Sérvia e Romênia. Os países buscam a eliminação da Raiva transmitida por cães, através de estoques de vacinas e imunoglobulinas contra a Raiva e implementação de uma abordagem “Uma Saúde” para alcançar a erradicação da Raiva.

 

Manejo da população de cães

Análise do alcance de indicadores e métodos de medição utilizados para avaliar o impacto das intervenções de manejo da população de cães. (Scoping review of indicators and methods of measurement used to evaluate the impact of dog population management interventions.) Esta análise detalhada agrupa 26 estudos que avaliaram os impactos das intervenções de manejo da população de cães. Ao descrever os indicadores utilizados para avaliar os poucos estudos realizados até agora e as barreiras à avaliação de impacto, esta revisão visa apoiar e direcionar a avaliação de impacto futura.

 

Vacinação de cães

A vacina contra a Raiva está associada à diminuição da mortalidade por todas as causas em cães.Rabies vaccine is associated with decreased all-cause mortality in dogs. Os dados de 2012-2015 de um estudo observacional de cães de vida livre em uma comunidade de baixa renda na África do Sul revelaram que a vacinação contra a Raiva reduziu o risco de morte por qualquer causa em 56% em cães de 0 a 3 meses, em 44% em cães 4-11 meses e 16% em cães com idade igual ou superior a 12 meses. A hipótese é que existe um efeito protetor da vacina contra a Raiva contra outras doenças que não a Raiva. Os cães domésticos  com dono, pertencentes a ambientes de alta mortalidade fornecem um modelo animal útil para entender melhor esse efeito protetor não específico.

Prevalência de anticorpos neutralizantes contra vírus da Raiva em diferentes grupos de cães após a vacinação. Sero-prevalence of virus neutralizing antibodies for rabies in different groups of dogs following vaccination. Os cães no Sri Lanka foram vacinados por via intramuscular com uma vacina inativada monovalente e os títulos de anticorpos séricos nos dias 0, 30, 180 e 360 foram verificados. 40,42% dos cães sem donos e 57,14% dos cães juvenis não vacinados anteriormente não possuíam níveis protetores de anticorpos até o dia 360. Os animais previamente vacinados apresentaram maiores respostas de anticorpos, mas enquanto os animais não vacinados possuíam um título de anticorpos satisfatório no dia 180, estes títulos se reduziram no dia 360.

 

Raiva em animais selvagens

A filogeografia de vírus de Raiva associados a morcegos de Myotis em todo o Canadá. (The phylogeography of Myotis bat-associated rabies viruses across Canada.) Como a Raiva em carnívoros é cada vez mais controlada em grande parte das Américas, os morcegos estão emergindo como uma fonte significativa de infecção pelo vírus da Raiva de humanos e animais domésticos. Este estudo usou  Myotis coletados ao longo de 25 anos, seqüenciamento parcial do genoma do vírus e codigo genético de barras do hospedeiro para identificar diversas variantes de Raiva associadas com espécies de Myotis, com diferentes difusões geográficos. Os resultados demonstram que o vírus da Raiva emergiu no gênero Myotis de forma independente em várias ocasiões e destaca o potencial de emergência de novas associações entre hospedeiros e vírus dentro desse gênero.

Vacinação oral de animais selvagens contra a Raiva: diferenças entre as espécies hospedeiras na eficiência da ingestão da vacina. (Oral vaccination of wildlife against rabies: Differences among host species in vaccine uptake efficiency.) As diferenças nos títulos de vacinas orais necessárias para induzir uma resposta imune protetora contra a Raiva em diferentes espécies de reservatórios foram observadas, mas os mecanismos permanecem pouco claros. A cepa do vírus da vacina, SPBN GASGAS, foi investigada em raposa vermelha (facilmente vacinada) e uma espécie refratária a esta via de administração (zorrilho listrado). A ausência de células infectadas com vírus em amígdalas palatinas de gambas sugere uma absorção ou infecção menos eficiente do vírus da vacina, o que pode levar a uma resposta reduzida à vacinação oral.

 

Genética

Usando sequências de genes virais para comparar e explicar a dinâmica espacial heterogênea de epidemiologia de vírus. (Using viral gene sequences to compare and explain the heterogeneous spatial dynamics of virus epidemics. ). As reconstruções filogenéticas de tendência da linhagem viral são usadas para estudar a dinâmica espacial da epidemiologia de vírus da Raiva em diferentes hospedeiros e habitats. O estudo encontrou uma maior difusividade de RABV de cães domésticos em comparação com RABV de outros mamíferos, indicando que fatores relacionados à geografia humana desempenham um papel significativo na dispersão de RABV em populações domésticas de cães. De forma mais generalizada, os resultados sugerem que os fatores relacionados ao humano são importantes em todo o mundo para explicar a dispersão de RABV em espécies hospedeiras terrestres.

Primeira seqüência genômica completa de um vírus da Raiva da República do Tajiquistão obtida diretamente de um cartão Flinders Technology Associates.First Complete Genomic Sequence of a Rabies Virus from the Republic of Tajikistan Obtained Directly from a Flinders Technology Associates Card.). Um homogeinizado de cérebro derivado de um cão com Raiva do distrito de Tojikobod, República do Tajiquistão, foi aplicado a um cartão Flinders Technology Associates (FTA). Uma sequência completa de genoma de vírus da Raiva (RABV) foi gerada a partir do cartão FTA diretamente, sem extração, demonstrando a utilidade desses cartões para obter dados genéticos prontamente.

Traduzido por Phyllis Romijn, M.V., PhD, pesquisadora cientifica pela PESAGRO-RIO, Brasil