Vacina não consegue salvar uma vítima da Raiva na China, levando à investigação da indústria de vacinas na província de Shaanxi

  • Community News
  • Cases and responses

Uma mulher chinesa de Xi'an, na província de Shaanxi, foi mordida no tornozelo por um cão com Raiva em junho e morreu 28 dias depois, apesar de ter recebido profilaxia pós-exposição (PEP) imediatamente após a mordida. Os relatórios das autoridades governamentais indicam que a vacina que recebeu foi efetiva, devidamente armazenada e comprada de uma fonte respeitável. A mulher procurou ajuda médica de uma unidade de saúde administrada pelo governo, recebendo uma série de vacinas contra a Raiva do Hospital Central de Xi'an, mas ela sucumbiu ao vírus em julho logo que os sintomas da Raiva começaram a aparecer. Na China, o tratamento padrão para mordidas de cães é cinco doses de vacina contra a Raiva, administradas no prazo de 28 dias.

Thumbnail
Cidade de Xi'an na província de Shaanxi, China. Google Maps

Nenhum relatório detalhado estava disponível para indicar se imunoglobulina contra Raiva (Rabies Immunoglobulin- RIG) foi administrado à vítima e não está claro se ela recebeu todas as cinco doses de vacina contra a Raiva para completar seu tratamento PEP. Em muitas áreas endêmicas da Raiva, RIG é escassa ou não está disponível, e as pessoas não conseguem retornar para as doses finais de vacina. A experiência nessas configurações sugere que a maioria dos pacientes é protegida contra a Raiva por uma série completa de vacinas, mesmo que não recebam RIG, mas a série incompleta de vacina sozinha tem risco de desenvolvimento da doença. Os pacientes podem não responder bem à vacina contra a Raiva se eles são imunocomprometidos ou se uma grande carga viral estava presente durante um incidente de mordida severa. A vacina também pode ser menos eficaz se a vítima for mordida perto da cabeça e o tempo de incubação é muito curto para que a vítima desenvolva anticorpos contra o vírus.

Este paciente pode ter sido apenas uma dessas vítimas muito desafortunadas de PEP incompleta, onde a vacina sozinha era insuficiente para proteção. Contudo, outro problema surgiu nesta comunidade. Apesar dos relatórios das autoridades de saúde de que a vacina administrada ao paciente falecido era segura e produzida por uma empresa certificada, houve grande protesto público nas mídias sociais chinesas sobre as circunstâncias da morte da vítima, que muitos atribuíram a uma vacina inadequada. Em resposta, as autoridades da província de Shaanxi indicaram que investigariam a morte da mulher de forma mais detalhada, além de examinar cuidadosamente as condições de armazenamento, transporte e uso de vacinas na cidade de Xi'an. As autoridades também estão planejando analisar como o pessoal de saúde atende pacientes expostos ao vírus da Raiva. Além disso, qualquer pessoa que esteja envolvida em armazenar ou transportar vacinas ilegalmente enfrentará uma "severa repressão" do governo local.

A distribuição de vacinas através de fontes não autorizadas tem sido um problema histórico na China, onde vacinas fraudulentas e certificados de Raiva para animais de estimação tornaram-se fáceis de obter. Somente os hospitais de vacinação certificados de animais licenciados pela Agência de Criação de Animais podem distribuir a vacina contra a Raiva e contra a Cinomose para animais. No entanto, a distribuição de vacinas falsas de animais tem sido um problema, pois os compradores e os vendedores procuram contornar os preços controlados pelo governo ou porque os compradores simplesmente não sabem que as vacinas de outras fontes, como lojas online, lojas de animais locais e salões de agrários. podem não ser confiáveis.

A China também teve problemas em curso com vacinas humanas defeituosas. Em 2010, mais de 1.600 pessoas receberam vacina contra a Raiva falsa em várias províncias, resultando na morte de um menino de 5 anos. No ano passado, uma mulher da província de Anhui foi enviada para a prisão depois de vender vacinas contra a Raiva falsas que também resultaram na morte de uma vítima de mordida. Além disso, em 2009, mais de 320 mil doses de uma vacina contra a Raiva humana foram encontradas contaminadas com ácido nucleico, um adjuvante usado para melhorar a eficácia da vacina que ainda não foi aprovado para uso humano. Em resposta, a Administração de Alimentos e Medicamentos do Estado da China ordenou o recall de todas as vacinas produzidas por este fabricante em 2008.

As experiências com vacinas defeituosas na China claramente ainda está na lembrança das pessoas quando falhas como esta ocorrem e há uma necessidade séria de reconstruir a confiança na provisão do que deve ser uma intervenção médica salva-vidas.

Resumido por Laura Baker, GARC do ChinaDaily, “Xi’an overhauls rabies vaccine industry(Xi'an revisa a indústria de vacinas contra a Raiva) e ‘Xi’an scrutinizes rabies vaccines” (Xi'an examina as vacinas contra a Raiva); do AsiaOne, “Bitten Chinese woman dies despite rabies vaccine(mulher chinesa mordida morre apesar da vacina contra a Raiva) ; de China.org.cn, “China recalls more than 320,00 doses of flawed rabies vaccine(a China recolhe mais de 320,00 doses de vacina contra a Raiva imperfeita); do Asia Times, “China regulations on rabies lead to ‘dangerous’ black market(os regulamentos da China sobre a Raiva levam ao "mercado negro" perigoso); e do OMS “Rabies Factsheet” (Ficha de dados sobre a Raiva da OMS).                                                                                                                                                                                                                    

Traduzido por Phyllis Romijn, M.V., PhD, pesquisadora cientifica pela PESAGRO-RIO, Brasil